3 de novembro de 2010

Desabafo


Era fim de noite quando de dentro do carro desejei sentir o impacto de uma batida, fazendo toda dor sumir. Foi nesse dia que eu parei de escrever. Parei de escrever porque parei de pensar. Pensar em tanta coisa que fiz de errado e em tanta bobagem que me fizeram perder o chão inúmeras vezes. Fui procurar um lugar pra ficar só em mim, mas eu não encontrei e pra não sentir vontade de chorar, te apertava na minha dor. Te amava, te sentia, te cheirava e sobretudo, te fazia parte de mim.

Parei de pensar porque se pensasse, ia perceber que você não fazia parte de mim, e isso ia ser uma perda terrível. Não conseguia admitir que você não me amava, que tudo que aconteceu foram erros sucessivos de quem não sabe negar fogo. Fogo esse que enchi de paixão, só pra você.

Até o dia em que eu percebi que mágoas vem e vão, e na realidade, nada some, o tempo só faz elas parecerem mais apagadas e cada vez mais distantes. A tristeza é como chiclete, você precisa mastigar. Aí você mastiga até ele ficar sem gosto e sem cor, então você joga fora.

Congelei o sonho que tive contigo e coloquei flores no seu túmulo. Nem parece que minhas lágrimas tiveram fim, nem parece que eu chorei, nem parece que eu quis chorar.

As coisas mudam, não significa que melhoram. Você precisa tornar as coisas melhores, não pode simplismente falar e esperar o melhor. E é por isso que continuo pagando o preço pelas minhas atitudes, mas sei que um dia terminarei de pagar. Enquanto isso vou desabafando minhas mágoas, entre lágrimas e sorrisos.